sexta-feira, 26 de março de 2010

Micose 1

De uma forma bem simplista, pode-se afirmar que: os fungos dos cães e gatos são organismos microscópicos com substâncias digestivas super potentes no seu interior; e que a gravidade das lesões causadas nos animais depende do grau de evolução desse fungo. 

Isso mesmo, evolução! Desculpe-me a comparação, mas os fungos, assim como os seres humanos, têm evoluído ao longo do tempo. Assim, alguns deles são mais adaptados ao meio vegetal, enquanto outros já o são aos tecidos animais. 

O grupo de fungos adaptados às plantas é responsável pela decomposição da matéria vegetal do ambiente, sendo encontrados em abundância no solo e nas plantas do seu jardim de casa.
Quando se preocupar com eles? Se o seu cão ou gato têm acesso a locais com plantas, cuide para que eles não tenham lesões de pele e nem se espetem por lá! 

Veja por que: esses fungos são seres pacatos e tudo o que querem é comer e devolver alguns nutrientes ao solo. Eles decididamente não ficam no seu jardim à espreita de alguém que passe por lá, e por isso não desenvolveram a capacidade de penetrar na pele dos mamíferos por si só. 

Para causar lesões, eles precisam ser inoculados, precisam de alguma falha na barreira natural da pele (ferimentos de qualquer natureza). Nem mesmo ao serem sequestrados de seu ambiente natural, afastados de suas famílias de fungos, eles não atacam. Apenas fazem o que sabem fazer: comem o que está em volta.

O problema é que acontece com eles o mesmo que aconteceria com um ser humano que comeu brócolis a vida toda e de repente foi sequestrado e deixado preso no cativeiro numa cozinha do Mac Donald’s. Não imaginou o que acontece? Eu explico: os fungos acabam adorando e se multiplicando como loucos na pele animal. E pobrezinhas das células da pele que entrarem em contato com todas aquelas enzimas digestivas feitas para detonar a dura carapaça vegetal! É uma briga boa: chegam os glóbulos brancos de defesa do corpo e o combate é feroz, mas covarde! 

As lesões em geral são profundas e extensas, doloridas e inflamadas e sem a ajuda da “cavalaria” (potentes medicamentos por longos períodos de tempo), as células de defesa vão sendo massacradas uma a uma. (Foto gentilmente cedida pelo Dr. Paulo Diniz).

Esse texto refere-se a enfermidades cutâneas como a Esporotricose, muito comum no Rio de Janeiro e locais de clima semelhantemente quente. E tem como principal objetivo alertar de forma bem-humorada a você, proprietário de cão ou gato, dos riscos de contrair uma infecção dessa ao encostar na ferida do seu animal, ou ao tentar fazer um curativo em um animal de rua, com procedência desconhecida.

Algumas micoses profundas são zoonoses, ou seja, podem passar do cão ou gato para os seres humanos também. É um risco enorme negligenciar o tratamento de uma enfermidade assim, e é também  preocupante a exposição  a plantas com espinhos - ainda que sejam do jardim da sua casa e, por isso, parte da família porque foi você quem as plantou e regou e viu crescer...

Jamais interrompa o tratamento de uma micose profunda como essa e siga todas as orientações do seu médico veterinário! Do contrário, comece a ensinar karatê para as suas células de defesa!

Veneno de rato – um perigo pro cão e pro gato

No Brasil e em muitos lugares ainda é uma prática comum a gente usar veneno no quintal e na rua pra matar os ratos. Cuidado! ...