Para quem chegou agora e não leu os textos: Micose e Micose 1, vale a repetição da introdução do assunto nesse primeiro parágrafo. “De uma forma bem simplista, pode-se afirmar que: os fungos dos cães e gatos são organismos microscópicos com substâncias digestivas super potentes no seu interior; e que a gravidade das lesões causadas nos animais depende do grau de evolução desse fungo.
Isso mesmo, evolução! Desculpe-me a comparação, mas os fungos, assim como os seres humanos, têm evoluído ao longo do tempo. Assim, alguns deles são mais adaptados ao meio vegetal, enquanto outros já o são aos tecidos animais. “
Este texto fala do grupo de fungos que causa lesões superficiais na pele dos cães e gatos (e por vezes, também na de seus proprietários). Como qualquer fungo, suas enzimas digestivas são bem eficientes e felizmente não provocam grandes lesões porque estes são seres bem mais refinados na escala evolutiva, por assim dizer.
São fungos “doutores”, especializados em digerir a proteína formadora da pele e dos pelos dos animais: a queratina. Tais elementos merecem o título de “mestres do disfarce” e conseguem enganar até os olhos mais experientes.
Quer um exemplo? Sabe aquele seu gato tipo popular, social, que aceita conviver com outros gatos e até com cães? Ele costuma dar abrigo ao Microsporum sp, o “Rei dos Disfarces”. E isso explica por que, apesar de não ter sequer uma falhazinha no pelo, foi ele o culpado por disseminar a queda de pelo em quase todos os outros animais da casa, podendo ter causado lesões nas pessoas da família também.
Há quem jure que esse tipo de gato fica por trás do proprietário debochando dos companheiros “sem pelos” na hora do tratamento antifúngico, que em geral envolve banhos desagradáveis e intermináveis e comprimidos com gostos horríveis.
Mas, calma! Ninguém conseguiu provar ainda que o gato tenha feito isso de propósito. Não sinta raiva dele! Ao contrário, procure dar-lhe o direito de provar sua inocência contratando um médico veterinário, que de posse de recursos adequados, poderá identificar o fungo “mal-elemento” e instalar uma “Unidade Pacificadora” na pele do seu gato, perpetuando a paz no ambiente familiar novamente.
Fique de olho nesses fungos especializados: eles causam problemas superficiais (como queda de pelo, caspa e outros crimes contra a vaidade) e a maioria não resiste a uma festinha: (brilham no escuro e esse é o seu principal ponto fraco). Então não estranhe quando o seu médico veterinário apagar as luzes do consultório e acender aquele “globo negro” em cima dos pelos do seu animal: a lâmpada de Wood é um bom aliado na identificação dos “meliantes disfarçados”.
(imagem: http://www.vetsilvestre.com.br/artigos/fungos%20de%20ferrets_arquivos/image004.jpg)
Apesar de menos letais, as lesões causadas pelos fungos dermatófitos são também motivo de preocupação, já que têm capacidade de infectar toda a família (pessoas e animais). Por isso, não interrompa os tratamentos prescritos pelo veterinário e saiba que eles serão demorados, mas eficazes na luta contra o crime, ou melhor, contra as micoses superficiais.